Estado e economia, 22 outubro 2013
 
2013-10-22 às 15:38

«MELHORAR A JUSTIÇA É ESSENCIAL PARA ASSEGURAR OS DIREITOS DOS CIDADÃOS E PARA DINAMIZAR A ECONOMIA»

«Uma das maiores exigências e urgências da sociedade portuguesa é ter um sistema de justiça mais célere e equilibrado, que não seja um obstáculo à vida das empresas», afirmou a Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, na conferência «O Estado e a Economia - Um Orçamento pós-troika» organizada pela Antena 1 e pelo Económico, em Lisboa.

Referindo que «nos últimos dois anos, o Governo tem trabalhado intensamente para que o País seja mais competitivo e para que os portugueses possam viver de forma mais desafogada», a Ministra sublinhou que «melhorar o sistema judicial é essencial, quer para assegurar os direitos fundamentais dos cidadãos, quer para dinamizar a economia».

Acrescentando que «tudo o que estava previsto nos memorandos de entendimento já está implementado, carecendo agora apenas de monitorização», Paula Teixeira da Cruz lembrou algumas das prioridades na reforma da justiça: combate à pendência processual da ação executiva; criação de um estatuto para os agentes judiciais; resolução célere dos processos de insolvência; criação de um novo mapa judiciário e de meios alternativos de litígio compatíveis com a legislação internacional; fomento do recurso aos julgados de paz; agilização do processo civil; e simplificação do processo tributário.

«Quando se encetam reformas estruturais, é necessária uma visão sistémica», afirmou a Ministra, explicando que «neste setor, o processo tem de começar pelos tribunais, que são o último reduto de justiça dos cidadãos, a par de um reforço do estatuto dos profissionais forenses».

Sobre o novo Código do Processo Civil (CPC), Paula Teixeira da Cruz referiu que o diploma é «de uma grande simplicidade, não havendo nenhuma razão para que se protelasse a sua entrada em vigor [que sucedeu dia 1 de setembro]». «A força da inércia em Portugal é muita, mas é possível alterar isto, e o CPC é a prova. Só que foi preciso um grande esforço conjunto de todos os agentes envolvidos», afirmou.

«A pendência das ações executivas também se tem reduzido» e «estão a ser resolvidos mais processos do que aqueles que estão em atraso», acrescentou a Ministra, explicando que «o impacto da justiça na economia levou o Governo a dar especial atenção às insolvências, projeto este que os nossos parceiros internacionais consideraram uma referência, tal como o novo CPC».

As alterações realizadas nos processos de insolvência «começam agora a dar frutos, traduzindo-se numa redução de oito meses para a resolução de processos». A própria entrada de processos desta natureza em tribunal «reduziu-se em 7%. E os particulares em situações difíceis têm agora mecanismos próprios que lhes asseguram a desnecessidade de apresentarem insolvência», afirmou Paula Teixeira da Cruz.

Em relação à nova organização judiciária, e dada a estreita relação que a justiça tem com o sistema judicial, «tornou-se determinante melhorar o seu acesso para os cidadãos, bem como aumentar a transparência processual», sublinhou a Ministra, explicando que «isto foi conseguido através de uma simplificação da estrutura judiciária, mas também de um desenho claro do sistema para os cidadãos».

«A criação de mais tribunais especializados também veio dar um contributo positivo, e está já aprovado o modelo mais recente de gestão dos tribunais, por objetivos, à semelhança do que já fazem outros países europeus», referiu.

Quanto aos tribunais administrativos e fiscais, a quem competem as ações relacionadas com os investimentos das empresas, «o novo Código do Processo Administrativo também está pronto, com maior responsabilização dos agentes, tal como fizemos no processo civil», afirmou Paula Teixeira da Cruz, referindo as principais mudanças: criação do dever de boa gestão, do dever de indemnizar os particulares por atrasos no andamento do processo e na transferência do ónus da recolha dos documentos necessários ao processo do particular para o órgão decisor.

A Ministra concluiu, lembrando outras medidas importantes na reforma da justiça: criação do plano de ação para a justiça na sociedade de informação, abertura dos tribunais de concorrência e propriedade intelectual, publicação do novo regime das custas e criação dos julgados de paz.

Tags: justiça, tribunais, reformas estruturais, empresas, competitividade, programa de assistência económica e financeira

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