O Primeiro-Ministro afirmou que «o acordo de princípio» alcançado na cimeira do Eurogrupo quanto à Grécia «é equilibrado» e não pode «ser encarado como uma humilhação» da Grécia, acrescentando que só pode ser visto como «uma ação responsável e solidária» dos outros Estado do euro. Pedro Passos Coelho fez esta declaração no final da cimeira de Chefes de Estado e de Governo da zona euro, em Bruxelas.
O Primeiro-Ministro disse que a nova ajuda de «quase mais 86 mil milhões de euros» é «mais do que Portugal recebeu num só programa», acrescentando que entre financiamentos dos dois anteriores programas de assistência e dívida perdoada, «a Grécia terá recebido e visto perdoados mais de 400 mil milhões de euros».
Pedro Passos Coelho sublinhou que «Portugal manteve sempre uma atitude muito construtiva» nas negociações entre o Eurogrupo e a Grécia: «Devo dizer até que, curiosamente, a solução que acabou por desbloquear o último problema que estava em aberto, que era justamente a solução quanto à utilização do fundo de privatizações, partiu de uma ideia que eu próprio sugeri» e que «acabou por ser utilizada pelos negociadores com o Primeiro-Ministro grego».
Portugal que sugeriu que, do valor de 50 mil milhões de euros do fundo, «25 mil milhões pudessem ser utilizados para poder privatizar os bancos que estão agora a ser recapitalizados» e que, «acima desse valor, se pudesse fazer uma utilização quer para abater à divida publica, quer para se poder financiar o crescimento em partes iguais».
O Primeiro-Ministro sublinhou também que «este acordo mostra que é necessário, era necessário e continua a ser necessário recuperar a confiança entre todos aqueles que estavam a negociar. Eu recordo que as últimas negociações foram abandonadas pelo Governo grego, que decidiu convocar um referendo e deixar, portanto, todos aqueles que estavam a procurar um acordo nas negociações a falar sozinhos».
«Essa foi uma atitude que deixou desconfiança entre todos os parceiros, em particular quando o próprio Governo grego disse que queria, junto do povo grego, encontrar força para dizer que 'Não' àquela negociação, e agora é importante saber se podemos contar ou não com alguém que queira realmente cumprir e comprometer-se com um acordo», disse Pedro Passos Coelho.
O Primeiro-Ministro prosseguiu afirmando que, por esta razão, «os próximos dias vão ser importantes. Eu quero acreditar, sobretudo olhando para a situação que se está a viver, que o compromisso que foi aqui expresso pelo Primeiro-Ministro grego seja um compromisso para valer a pena, que vai ser realmente cumprido».
Aliás, por querer acreditar que o acordo irá funcionar, Pedro Passos Coelho foi cumprimentar o seu homólogo Alexis Tsipras «pelo facto de ter mostrado um espírito construtivo para que o acordo pudesse ter sido alcançado», no final da longa maratona negocial.
Quanto ao fantasma de uma expulsão da Grécia da zona euro, o Primeiro-ministro disse que «durante a reunião do Eurogrupo não deixou de se considerar a possibilidade de uma saída da Grécia da zona euro se um acordo não fosse encontrado», o que foi «uma constatação de uma consequência natural se não existisse um acordo».