«Portugal não será apanhado desprevenido pela incerteza e pela materialização de riscos» criados pela situação grega, afirmou o Primeiro-Ministro no debate quinzenal na Assembleia da República. Pedro Passos Coelho acrescentou que «hoje, Portugal é visto como uma economia que está a recuperar e que, tendo ganho credibilidade, consegue posicionar-se na Europa como merecedor da confiança, numa altura em que pairam tantas incertezas na zona euro e na UE».
O Primeiro-Ministro referiu que os cofres do Estado estão cheios, «prevenidos durante bastante tempo», pelo que caso a solução - ou a falta dela - encontrada para a Grécia cause abalo na União Europeia e na zona euro «os mecanismos nunca deixarão de ser acionados em caso de necessidade», devido à confiança que as instituições europeias têm em Portugal.
Isto mostra - prosseguiu Pedro Passos Coelho - que o Governo seguiu «a estratégia certa», que classificou de segura e prudente, razão pela qual Portugal está prevenido financeiramente para enfrentar um cenário de volatilidade nos mercados e é olhado como um parceiro de confiança da zona euro.
O Primeiro-Ministro recordou também o que aconteceu quando a Grécia fez o primeiro pedido de resgate e «o relógio começou a contar para outros países», com a atual situação: «a zona euro exibe hoje uma condição de resiliência muito maior, com Portugal ou a Irlanda a não estarem desesperados, inquietos, ansiosos, a saber quanto tempo demorarão a ter de pedir ajuda externa se algum risco, nomeadamente do lado da Grécia, se vier a materializar».
Pedro Passos Coelho referiu que «estamos a consolidar o crescimento da economia», através do crescimento das exportações e também das importações que, em grande parte, se destinam a ser incorporadas em exportações, mostrando que «estamos num ciclo não vicioso mas virtuoso do crescimento da nossa economia».
Para além da melhoria do ambiente económico para os valores mais elevados dos últimos sete anos, também «temos vindo a melhorar, e a melhorar significativamente do ponto de vista do emprego: somos o segundo país europeu a exibir uma taxa maior de crescimento do emprego».
O Primeiro-Ministro referiu-se também à questão das migrações, afirmando que «o País está de parabéns por ter conseguido, apesar da crise, melhorado as suas políticas de integração» de imigrantes, o que foi demonstrado pelo Índice de Políticas de Integração Migratórias, que voltou a colocar Portugal em segundo lugar como um dos melhores países - posição que tem mantido ao longo das suas edições desde 2004.
«Agora que o pior da crise está ultrapassado, está na altura de nos prepararmos para fazer um acolhimento mais significativo de pessoas que precisam de ser realojadas ou reinstaladas, seja ao nível da política de asilo ou relativamente a imigração, ao mesmo tempo que devemos começar a preparar-nos para acolher todos aqueles que, sendo portugueses, procuraram outras economias para poderem obter resposta ao nível da empregabilidade».
«Está na altura, portanto, de começarmos a preparar as nossas estruturas e a nossa política para alargar o acolhimento a imigrantes, mas também para voltar a acolher aqueles que sendo portugueses começam hoje a ver melhores condições para regressar à economia portuguesa e a Portugal», afirmou Pedro Passos Coelho, ressalvando que Portugal, que está a sair da crise, não pode aceitar a proposta da Comissão Europeia para receber o mesmo nível de imigração que a Holanda.
Durante o debate, o Primeiro-Ministro recusou «a ideia de que em Portugal só passamos a ter emigração com esta crise», referindo que entre 2005 e 2007 emigraram em média 82 mil portugueses por ano, e entre 2011 e 2013 emigraram 95 mil portugueses por ano, acrescentando que a emigração permanente diminuiu em 2014. Assim, «é falso que tenhamos tido mais emigração do que outros países que também passaram por circunstâncias idênticas»: na Irlanda e em Espanha «o saldo migratório foi mais grave».
Contudo, «felizmente, Portugal está hoje em condições de dizer que as condições de recessão e forte ajustamento pelas quais o País passou não são hoje as que vivemos e, portanto, temos crescentemente melhores condições para que aqueles que saíram possam regressar e aqueles que estão cá não precisem de sair», sublinhou Pedro Passos Coelho.
O Primeiro-Ministro contrariou também a ideia de piores condições de acesso à saúde em Portugal. Se é certo que «a crise afetou, evidentemente, as perspetivas de vida dos portugueses», «os preços dos medicamentos caíram em termos médios 27%» e na função pública e nos pensionistas «as pessoas de rendimentos mais baixos não foram afetadas por cortes nos rendimentos».