Conselho Europeu, 12 fevereiro 2015
 
2015-02-12 às 22:10

«O EURO NÃO SERIA O MESMO HOJE SE PORTUGAL OU A IRLANDA TIVESSEM FALHADO OS SEUS PROGRAMAS»

O Primeiro-Ministro afirmou que «o euro não seria o mesmo hoje se Portugal ou a Irlanda tivessem falhado os seus programas, se tivessem precisado de fazer reestruturações da divida, se tivessem precisado de um segundo ou terceiro programa». Pedro Passos Coelho, que falava no fim do Conselho Europeu, em Bruxelas, acrescentou que «evidentemente, as opções que nós tomámos não as impomos aos outros».

O Primeiro-Ministro afirmou que respeita os resultados das eleições que tiveram lugar na Grécia e que o «Primeiro-Ministro grego merece todo o meu respeito, como todos os outros chefes de Estado e de Governo à volta da mesa do Conselho, e não tenho por maneira de tratar com antipatia seja quem for», acrescentando que teve «oportunidade de ouvir muito atentamente» a exposição de Alexis Tsipras perante o Conselho Europeu e não ouviu «nada de diferente que não tivesse sido já transmitido através dos media».

Pedro Passos Coelho disse que percebe «a dificuldade de alguém que sente que foi eleito contra um programa que está a ser executado e que, no entanto, tem uma execução que é indispensável à observância das regras a que todos estamos obrigados na União Europeia», isto é, de «conciliar o respeito pelas regras europeias com o mandato que lhe foi conferido na Grécia», acrescentando que «é um problema pelo qual eu tenho simpatia, mas não é um problema que eu possa resolver».

O Primeiro-Ministro lembrou que foi eleito «com o compromisso de que respeitaria e executaria o programa que tinha sido negociado pelo Governo anterior» apesar de saber que ele continha metas pouco realistas: «a opção que tomei na altura não foi a de pedir a renegociação do programa, mas de procurar cumpri-lo, de maneira a poder conquistar espaço de respeito e confiança suficiente para o poder ajustar».

Pedro Passos Coelho sublinhou também que Portugal «é, de longe, o país dentro da UE que mais esforço fez, em percentagem do seu produto, de apoio e solidariedade em relação à Grécia», pelo que, «teríamos mais do que gosto, teríamos todo o prazer em saber que os esforços ajudaram a Grécia».

O Primeiro-Ministro que ouviu também a exposição que o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, fez ao Conselho, disse esperar que os trabalhos do grupo dos países da moeda única, no início da próxima semana, possam ser clarificadores, contribuindo para consolidar os progressos feitos pela Grécia.

Sem pretender «alimentar qualquer sentimento de desigualdade» entre os países, Pedro Passos Coelho referiu que, desde o início da crise, a Grécia teve «soluções únicas e excecionais que outros países não tiveram» e, «apesar disso, ainda não conseguiu fechar o seu programa e ultrapassar as dificuldades de acesso a financiamento no mercado». «A Grécia tem mais 11 anos do que Portugal para pagar os empréstimos europeus e tem um período de 10 anos que não paga sequer juros», «coisa que mais nenhum país tem», disse ainda.

Pedro Passos Coelho afirmou também que, depois de todos os esforços desenvolvidos pelos Estados-membros da UE para apoiar a Grécia, «não deixa de ser um pouco frustrante chegar a uma situação em que as circunstâncias se estão a agravar sem que nenhuma causa externa as esteja a impelir».

O Primeiro-Ministro disse esperar que «haja uma convergência de esforços bem-sucedida de modo a que tudo aquilo que foi vivido com muito sacrifício não seja deitado fora e que a Grécia possa recuperar estabilidade para poder ultrapassar as suas dificuldades e poder regressar a uma situação de financiamento autónomo».

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