Debate quinzenal, 14 junho 2013
 
2013-06-14 às 12:58

MELHORIAS NO FINANCIAMENTO «SÃO O PRENÚNCIO DE QUE CONSEGUIREMOS VENCER ESTA CRISE»

«Se é indispensável manter o rumo para ganhar confiança na economia portuguesa, é também necessário que os portugueses se possam aperceber destas melhorias contínuas que estamos a registar ao nível do financiamento, que são o prenúncio de que conseguiremos vencer esta crise», afirmou o Primeiro-Ministro no início do debate quinzenal na Assembleia da República. Pedro Passos Coelho acrescentou que é «cada vez mais consistente a capacidade líquida face ao exterior que a economia portuguesa registou em 2012 e que mantém ao longo dos vários meses de 2013».

«A nossa recuperação será lenta: Não faço, portanto, com qualquer euforia, o anúncio de medidas de relevo que mudem da noite para o dia o nosso panorama, mas é importante mostrar que da noite para o dia, um dia atrás do outro, há pequenos sinais que nos mostram que essa recuperação está em marcha», declarou.

O «volume de crédito disponibilizado às famílias e às empresas tem vindo a crescer», afirmou o Primeiro-Ministro citando dados do Banco de Portugal divulgados esta semana. Pedro Passos Coelho referiu também as linhas de investimento dirigidas às pequenas e médias empresas, como o IVA de Caixa e os benefícios fiscais ao investimento, que ajudarão «a uma melhoria das condições de financiamento».

«Os rácios de solvabilidade da banca estão bem, comparáveis com a banca de outros países, que oferecem rácios robustos», referiu, acrescentando que «a banca tem sido capaz, lentamente, de vir a aumentar quer em termos homólogos quer em cadeia, o volume de financiamento, canalizado para as famílias e empresas». «No seu conjunto, a economia estará menos necessitada de financiamento do exterior do que tem sido prática corrente desde há muitos anos», afirmou ainda.

Pedro Passos Coelho referiu-se também à perspetiva de um entendimento para a disponibilização dos empréstimos de 1100 milhões de euros do Banco Europeu de Investimento às empresas portuguesas: «Parece-me importante que o presidente da Comissão Europeia tenha ontem [quinta-feira] declarado o princípio do fim do problema», ao anunciar «uma expectativa positiva para a resolução do problema». A linha, vocacionada para as pequenas e médias empresas existe, mas «na prática não é usada porque as condições financeiras associadas à execução dessa linha não são atrativas». «O presidente da Comissão Europeia revelou que a proposta do Governo português para dar atratividade a essa alinha do BEI poderá estará em vias de ser aceite pela direção-geral de concorrência», acrescentou.

Em resposta às perguntas de deputados, o Primeiro-Ministro referiu que o Governo cumprirá a decisão do Tribunal Constitucional, pelo que «pagará o 13.º e 14.º meses a quem tinha esses subsídios suspensos. Vai fazê-lo com a maior das normalidades durante este ano», uma vez que é necessário acautelar a verba orçamental para pagar os subsídios, pois o Orçamento do Estado para 2013 não previa esse pagamento.

«Relativamente a um [dos subsídios] já estamos a pagar antecipadamente em duodécimos. O outro, pagaremos entre novembro e dezembro, caso neste último caso se trate de pensionistas. Nesta altura, está também nas mãos do parlamento garantir que estes pagamentos se poderão fazer a tempo e horas». «O pagamento dos subsídios necessita de suporte orçamental», e  neste momento não há este suporte, uma vez que algumas normas do Orçamento do Estado foram declaradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional, pelo que é preciso que o Orçamento Rectificativo, em debate na especialidade, seja aprovado.

Acerca das reduções na despesa pública, Pedro Passos Coelho afirmou que «não há nenhum corte adicional de 4,7 mil milhões de euros; haverá sim um corte de 4,7 mil milhões de euros até 2015, conforme estava previsto e é público. Não há nenhuma alteração».

Quanto à greve dos professores marcada para as datas do exames, o Primeiro-Ministro declarou que o Governo tomará a iniciativa de rever a lei no sentido de assegurar a estabilidade dos exames nacionais, no caso de esta não ser assegurada por decisão judicial. O Governo recorreu da não fixação de serviços mínimos para a greve de professores em dias de exames e aguarda a interpretação dos tribunais superiores.

O Governo «foi apanhado de surpresa pela decisão de não fixação de serviços mínimos para a prova de exame de dia 17» e o recurso para as instâncias judiciais superiores decorre de uma «profunda preocupação» pela greve de professores em dias de exames, uma vez que «há nitidamente uma desproporção do legítimo direito à greve e aquilo que é o interesse público que é atingido por essa matéria».

Mas, «se a interpretação é de que a lei, de facto, não protege a estabilidade dos exames, não obriga à fixação de serviços mínimos, então eu assumo aqui publicamente o compromisso de que o Governo tomará a iniciativa de alterar a lei para impedir que todos os anos as famílias estejam sujeitas, e os estudantes, a estas alterações».

A propósito das rondas negociais entre Governo e sindicatos marcadas para hoje, Pedro Passos Coelho manifestou «total abertura do Governo para encontrar uma solução que não penalize os estudantes», esperando que «o bom senso possa prevalecer, de modo a proteger, sobretudo, o interesse dos estudantes e das famílias que se prepararam durante muito tempo para a realização destas provas».

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