A conferência sobre energia da CPLP «representa uma inequívoca demonstração da relevância que o espaço económico da língua portuguesa já assume na economia global», afirmou o Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros na abertura da conferência, em Cascais. Rui Machete deu como exemplo «o projeto do Governo de Timor-Leste de promover um consórcio de empresas dos países desta organização para exploração energética».
«O Governo português tem também apoiado e sensibilizado o envolvimento das empresas nacionais na iniciativa da Timor Gap, Timor Gás e Petróleo, que poderá potenciar o desenvolvimento socioeconómico de Timor-Leste e abrir novas janelas de oportunidade para as empresas do nosso espaço económico», afirmou o Ministro, acrescentando que este consórcio poderá «servir de inspiração para cooperações futuras».
Este é um dos desafios que se coloca à comunidade: o de «definirmos rapidamente políticas e instrumentos, tendo como base o facto de esta organização congregar países com um extraordinário potencial em matéria de produção e exportação de derivados do petróleo e de gás, como Angola, Brasil, Moçambique e Timor-Leste e futuramente os novos países produtores», disse Rui Machete.
O Ministro referiu também que «os países consumidores, membros efetivos e observadores, têm igualmente um papel muito importante a desempenhar quer no aumento da eficiência das técnicas de exploração, quer no domínio do consumo e poupança de energia», e «Portugal terá um contributo a dar, pelo forte investimento que tem feito, nomeadamente no setor das renováveis, e pelo facto de pretender afirmar-se como um país-chave em matéria de armazenamento e de trânsito na área energética».
Em termos de fontes de combustíveis fósseis «se considerarmos as reservas comprovadas de gás e petróleo, estima-se que o espaço CPLP, no seu conjunto, ocupe já hoje o 7.º lugar no ranking mundial dos produtores de hidrocarbonetos, com perspetivas de melhorar esse posicionamento até ao 4.º lugar, em 2025», acrescendo que «aproximadamente metade das novas descobertas de petróleo e gás no mundo estão localizadas em países da CPLP».
A temática da energia deve, assim ser «um fator agregador de produtores e de consumidores, tanto ao nível dos Estados como das empresas. Tal poderá representar um enorme impacto, quer do ponto de vista estritamente económico, quer dos seus aspetos técnicos e de segurança energética».
Rui Machete sublinhou que «Portugal defende um aprofundamento da vertente económica da organização, nomeadamente através da constituição de plataformas de coordenação ao nível de Governos, instituições científicas e empresas, e envolvendo também os países Observadores em áreas transversais tais como a energia, mas também das telecomunicações, dos transportes marítimos e aéreos, do sector portuário, dos mercados de capitais ou da economia do mar, para dar apenas alguns exemplos».
Na conferência participaram, além dos 9 membros da CPLP, a Geórgia, o Japão, a Namíbia e a Turquia.