Segurança do Golfo da Guiné, 11 julho 2014
 
2014-07-11 às 12:04

COMUNIDADE INTERNACIONAL DEVE COMEÇAR JÁ A PREVENIR E COMBATER A PIRATARIA NO GOLFO DA GUINÉ

O Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros afirmou que «há 6 anos acordámos - em minha opinião, demasiado tarde - para o fenómeno da pirataria no Golfo de Áden». Rui Machete, que discursava no Seminário Internacional «Segurança no Golfo da Guiné», em Lisboa, acrescentou que em consequência deste despertar tardio, «tivemos de mobilizar enormes recursos para o combater, só conseguindo reduzir efetivamente o número de incidentes nos anos mais recentes».

Apesar de Portugal não ter, nessa área «particulares interesses estratégicos ou comerciais, fomos solidários para com esse esforço internacional, enviando meios aéreos e navais de considerável dimensão para as missões da União Europeia e da NATO na região - que chegámos a liderar - e participando de forma ativa nos grupos de trabalho internacionais então criados», referiu o Ministro.

Referindo-se aos atos de pirataria que começam a acontecer no Golfo da Guiné, Rui Machete afirmou  que se enganam «os que acham que este é um problema meramente regional», tanto mais que «não está apenas em causa a importância das rotas comerciais que o atravessam, mas também o facto de esta região ser uma das mais importantes produtoras de hidrocarbonetos do mundo, com mais de 5 milhões de barris de crude diários», que, «no caso da União Europeia, por exemplo, é fonte de cerca de 10% do petróleo e 4% do gás natural importados».

O Ministro sublinhou que «foi para mim sempre evidente a importância desta matéria para Portugal», pois «Portugal está no centro geográfico da comunidade transatlântica e constitui um elo natural nas relações entre a Europa, África e as Américas». 

«Como país atlântico, não pode estar alheio ao que se passa não apenas no norte, mas também no centro e sul deste oceano», disse o Ministro que acrescentou que «numa perspetiva alargada do Golfo da Guiné, abrangendo não só o golfo geográfico mas também os Estados vizinhos diretamente afetados pelo fenómeno de insegurança marítima na região, podem contar-se na zona quatro países de língua oficial portuguesa, parceiros fundamentais de Portugal». 

Rui Machete afirmou que o objetivo da conferência sobre a segurança no Golfo da Guiné será «tentarmos encontrar o tronco comum entre todas as iniciativas nacionais, regionais e internacionais que vêm sendo levadas a cabo sobre a segurança marítima» na área e «pensar, em conjunto, como podemos reunir energias e identificar pontos em comum, adotar esforços coordenados, complementares e eficazes, no combate às ameaças identificadas».

O Ministro apontou alguns caminhos:

  • «dar um passo em frente em matéria de cooperação internacional, beneficiando das capacidades e experiência de todos», permitindo «enfrentar os desafios e que tornem o Golfo da Guiné uma região mais segura»;
  • fazer incidir os esforços «sobre a prevenção do fenómeno e não na reação a posteriori, muito mais cara e difícil», pelo que é hoje, e não amanhã, «o momento certo para agirmos»;
  • dar uma resposta multissetorial, quer através «dos meios legais de resposta dos sistemas judiciais locais», quer pelo «apoio ao desenvolvimento económico e à criação de emprego nos países e regiões ribeirinhas», e «o incentivo à melhor exploração qualitativa e quantitativa dos recursos marítimos»;
  • coordenar a ação das estruturas regionais já existentes (Comunidade Económica dos Estados da África Central e a Comissão do Golfo da Guiné) é fundamental, «incluindo ao nível de patrulhamentos marítimos e aéreos conjuntos de zonas transfronteiriças»;
  • alinhar as estratégias para a região «com a Arquitetura Africana de Paz e Segurança e a Estratégia Marítima Integrada 2050 da União Africana».
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