Conselho de Ministros, 12 junho 2014
 
2014-06-12 às 15:09

GOVERNO DECIDE NÃO REABRIR PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA

O Conselho de Ministros «decidiu não tomar medidas até ao final deste mês» quando termina tecnicamente o programa de assistência económica e financeira «e não pedir uma reabertura do programa» por considerar que essa reabertura representaria «uma perda de credibilidade», afirmou a Ministra de Estado e das Finanças, Maria Luís Albuquerque, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros. A decisão decorre de o Governo não poder saber quanto tempo demora a aclaração do acórdão do Tribunal Constitucional de 30 de maio e, portanto que medidas terá de tomar para comprir as metas do tratado orçamental que garante a permanência de Portugal no euro.

A Ministra referiu a consequência desta decisão é «não receber o último empréstimo do programa», do qual, aliás, já não tem necessidade, devido à «criteriosa gestão que tem feito da tesouraria» que criou «um montante de reserva financeira muito significativo», e porque o financiamento nos mercados está «plenamente restabelecido», como ontem se viu com a colocação de quase mil milhões de euros de obrigações do tesouro a taxas de juro mais baixas do que as praticadas por um dos membros da troika, o FMI.

A decisão será comunicada ao Banco Central Europeu, à Comissão Europeia e ao Fundo Monetário Internacional e Maria Luis Albuquerque considerou não haver motivo para que as instituições da troika vejam nela um problema, uma vez que o Governo mantém o seu compromisso com as metas de consolidação orçamental.

Maria Luís Albuquerque alegou que «a incerteza sobre o tempo de decisão do Tribunal Constitucional em relação aos temas orçamentais presentes e sobre a dimensão do problema orçamental que o Governo poderá ter de resolver criou uma incompatibilidade de calendários que impede o Governo de, no prazo de vigência da atual extensão do programa, que vai até 30 de junho, poder apresentar uma solução para o problema».

A incompatibilidade de calendários resulta do chumbo de normas orçamentais pelo Tribunal Constitucional no dia 30 de maio, que «teve impacto material nos pressupostos subjacentes ao fecho da última missão da troika», e também das decisões pendentes no mesmo tribunal sobre normas do orçamento retificativo, que dificultam a adoção imediata de medidas substitutivas.

«Por outro lado, decidir encontrar medidas substitutivas» das normas orçamentais declaradas inconstitucionais «no contexto do programa, de molde a evitar perder este último desembolso, obrigaria, no atual contexto, a reabrir de facto o programa de assistência com a troika, e por um período indeterminado».

«O Governo entende que tal reabertura do programa se traduziria numa perda de credibilidade para o País e poderia colocar em causa em termos de perceção geral todos os progressos conseguidos nas várias dimensões do programa ao longo dos últimos três anos», afirmou ainda a Ministra.

Maria Luís Albuquerque recordou que «o programa de assistência terminou no passado dia 17 de maio» após «a conclusão bem-sucedida da missão da troika no âmbito do 12.º exame regular». A data de 30 de junho representava «uma extensão de caráter técnico do prazo do programa» para que as instituições da troika «pudessem concluir os procedimentos que dariam origem ao desembolso final». Esse prazo técnico «termina no próximo dia 30 de junho, mas as decisões finais estiveram agendadas para 16 de junho».

Tags: programa de assistência económica e financeira, finanças, mercados