Moção de censura, 3 abril 2013
 
2013-04-03 às 18:13

«SE NÃO CONSEGUIRMOS ATINGIR O EQUILÍBRIO ORÇAMENTAL» TODOS OS EMPRÉSTIMOS «NÃO SÃO MAIS DO QUE UM PALIATIVO MOMENTÂNEO»

O Ministro de Estado e das Finanças afirmou, no debate da moção de censura ao Governo, na Assembleia da República, que «se não conseguirmos atingir o equilíbrio orçamental, mesmo que à custa de enorme esforço e sacrifício, os milhares de milhões de euros que possamos obter não são mais do que um paliativo momentâneo. Insistir em receitas do passado ou espúrias para conquistar o eleitorado de hoje é obliterar o futuro. O caminho certo é árduo e estreito, mas garante a prosperidade dos mais jovens e dos vindouros», declarou ainda Vítor Gaspar.

Quanto aos resultados obtidos, o Ministro afirmou que «concluímos sete exames regulares. Cumprimos todos os limites quantitativos definidos pelo programa. Partindo dos valores divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na passada quinta-feira, o défice orçamental de 2012, excluindo efeitos pontuais, fixou-se em 5,8% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 6% anteriormente anunciados. Face a 2011, o défice reduziu-se em cerca de 1,6 pontos percentuais. Em termos estruturais, já concretizámos dois terços do ajustamento orçamental previsto no programa. Estamos a falar de um ajustamento estrutural de 6,2 pontos percentuais em dois anos. O saldo estrutural passou de um défice de mais de dez mil milhões de euros para um pequeno excedente. Para além disso, garantimos um grau elevado de execução das medidas do memorando de entendimento: mais de 90%».

Devido a isto, Portugal recuperou credibilidade e confiança a nível internacional, o que lhe permitiu «lançar com sucesso o processo de regresso aos mercados de obrigações», e resultou num «importante poder negocial visível na alteração da trajetória orçamental e na abertura demonstrada pelos ministros das Finanças da União Europeia para ajustar as maturidades dos empréstimos oficiais». «Porém - recordou -, a credibilidade e confiança dependem da determinação constante em torno do processo de ajustamento. Qualquer desvio significativo poderá pôr em causa os sacrifícios dos últimos dois anos».

Referindo-se à moção de censura, o Ministro das Finanças recusou a ideia que «insiste na miragem da expansão, insiste em mais défice e mais dívida e, como fez nos últimos quinze anos, apregoa crescimento. Esta orientação prolonga a negação das exigências da área do euro. Consiste no regresso a um passado de mediocridade e estagnação que tornou a crise inevitável».

«A expansão orçamental foi a opção falhada de 2009 e 2010», afirmou ainda o Ministro, acrescentando que «esta opção tornou o resgate português inevitável. Foi mal concebida e conduziu a maus resultados. A persistência no mesmo erro conduziria agora a um segundo resgate».

Recordando que «Portugal estava já numa posição de elevada vulnerabilidade aquando da crise financeira global», Vítor Gaspar referiu que «para fazer face a essa crise, o Governo ignorou a necessidade de ajustamento. Em 2008, decidiu esquecer a consolidação orçamental. As recomendações de expansão orçamental decididas pelo Conselho Europeu foram usadas como trampolim para um frenesim despesista». O sistema político falhou na adaptação da sociedade portuguesa «às realidades da vida económica e financeira dentro da área do euro» e «o ajustamento ocorreu assim de forma abrupta, tardia e com custos muito elevados», afirmou ainda.

Após o resgate, «Portugal tem executado o programa de ajustamento de forma determinada», e «os resultados alcançados pelos portugueses são significativos» pelo que «é necessário persistir no ajustamento».

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