7.ª avaliação do programa de ajustamento, 15 março 2013
 
2013-03-15 às 12:27

«AJUSTAMENTO ESTÁ A PROGREDIR DE FORMA CONSISTENTE» E «O PROGRAMA TERMINARÁ EM JUNHO DE 2014»

«O ajustamento está a progredir de forma consistente», pelo que «o programa terminará em junho de 2014 com o mesmo envelope financeiro», afirmou o Ministro de Estado e das Finanças na apresentação da 7.ª avaliação regular do Programa de Assistência Económica e Financeira, em Lisboa. Vítor Gaspar afirmou que «a avaliação foi positiva».

O Ministro afirmou também que o «resultado mais importante corresponde ao ajustamento externo» e ao regresso da capacidade de financiamento nos mercados e, «depois de quase duas décadas de acumulação de défices face ao exterior», à perspetiva de «começar a reduzir a dívida externa», uma vez que «a procura interna e a oferta interna estão finalmente alinhadas. Num momento em que o financiamento à economia constitui um desafio central para a nossa recuperação, este resultado tem uma relevância acrescida». Ao mesmo tempo, «a transformação estrutural está a criar as bases para uma economia mais competitiva, mais assente na concorrência e mais aberta ao exterior» e começa a verificar-se «o abrandamento do ritmo de redução da procura interna».

Acerca do défice, Vítor Gaspar afirmou que Portugal cumpriu «o limite estabelecido no programa para o défice em contas nacionais em 2012» (4,9% do PIB). «Refiro ainda que tal como anunciado anteriormente, o valor do défice excluindo efeitos pontuais situa-se em 6% em 2012. Este valor compara com os 7,4% registado em 2011». Contudo, devido a reclassificações de operações com efeito pontual, «o défice das administrações públicas poderá atingir 6,6% do PIB, no ambito do procedimento de défices excessivos».

Quanto ao saldo estrutural, «dois terços do ajustamento de 9% do PIB previsto até 2016, foi realizado até ao final de 2012», afirmou Vítor Gaspar, referindo que «em 2011 e 2012, as medidas de consolidação orçamental executadas ascenderam a 18 mil milhões de euros».

O Ministro destacou que «os progressos alcançados e o cumprimento do programa são reconhecidos pelos nossos parceiros internacionais» - «ao longo de seis exames regulares, em média, 92% das medidas prevista para cada trimestre tinham sido realizadas ou estavam em curso» - enquanto, «em paralelo, a credibilidade e a confiança acumuladas a nível internacional têm tido um impacto significativo nas condições de financiamento do Tesouro», que influenciam as condições de financiamento da economia no exterior.

«A próxima fase do programa prevê o relançamento do investimento e a recuperação económica», mas «a Europa vive ainda um período de crise. No seguimento do quarto trimestre de 2012, as previsões macroeconómicas apontam para uma deterioração da atividade na zona euro». Assim, «o PIB deverá cair cerca de 2,3% em 2013», sendo o crescimento do produto «agora esperado para o quatro trimestre de 2013». O desemprego também aumentará. Contudo, «em 2013, o excedente da balança corrente e de capital aumentará atingindo 1,4% do PIB».

«Face a este cenário» de crise europeia. Vítor Gaspar disse que «o Governo propôs a revisão dos limites do programa para o saldo orçamental»: «Os novos limites são de 5,5% em 2013, 4% em 2014, 2e 2,5% em 2015», alteração que ainda terá de ser aprovada pela zona euro e pela UE, representando, para 2013, «medidas de consolidação orçamental no valor de 3,5% do PIB». Esta «nova trajetória orçamental implica um aumento da dívida pública que agora atinge o seu nível mais elevado em 2014 - cerca de 124% do PIB»

Apontando que «a melhoria das condições de crédito na economia é essencial para a recuperação do investimento privado» e que «a recuperação do investimento é determinante nesta nova fase do ajustamento», o Ministro de Estado e das Finanças anunciou que o IRC será reformado para «criar um imposto mais moderno, estável e competitivo no panorama internacional». O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, referiu que após uma comparação com as práticas dos outros países da UE, serão alterados 10 aspetos:

  • alargamento da base
  • redução das taxas
  • simplificação geral
  • reavaliação dos benefícios fiscais
  • reforço da territorialidade na tributação
  • revisão do regime dos grupos empresariais
  • revisão do reporte de prejuízos fiscais
  • revisão das regras de correção do excesso de endividamento
  • reforço da articulação com as regras de contabilidade
  • revisão da política fiscal internacional.

Haverá ainda em 2013 «medidas com efeito imediato no estímulo ao investimento», referiu o Secretário de Estado.

Sendo «imperativo adequar a exigência dos portugueses em termos dos serviços que esperam das administrações públicas e do que estão dispostos a pagar em impostos e contribuições», «a desejável e necessária redução futura da carga fiscal não será possível sem uma correspondente redução na despesa pública», afirmou Vítor Gaspar. Assim, «além da identificação de poupanças orçamentais», «é urgente garantir a sustentabilidade do Estado Social e adequar a organização, estrutura e qualidade da Administração Pública à sociedade portuguesa».

O Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, referiu que a redução permanente de despesa no valor de 4 mil milhões de euros deverá ser estendida por três anos (entre 2013 e 2015). No ano corrente, o corte será de 500 milhões de euros - parte em poupanças dos Ministérios, parte em rescisões de contratos de trabalho por mútuo acordo - que acrescem às reduções de despesa já consagradas no orçamento do Estado em vigor.

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