COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS DE 24 DE OUTUBRO DE 1996

1. Fase final da reprivatização do Banco Totta e Açores

O Conselho de Ministros aprovou uma Resolução que procede à repartição das acções do Banco Totta e Açores, SA, a alienar na última fase do processo de reprivatização. Nesta fase proceder-se-á à venda de cerca de 7,9 milhões de acções, correspondentes a cerca de 13% do seu capital social. Estas acções serão divididas em dois lotes: um de 6,3 milhões destinado a venda directa e outro de 1,6 milhões destinada a oferta pública de venda.

Na oferta pública de venda, 1,1 milhões de acções são reservadas para trabalhadores, pequenos subscritores e emigrantes, divididos em dois sub-lotes: um de 635 mil reservado para trabalhadores e outro de 465 mil, reservado para pequenos subscritores e emigrantes. As restantes 500 mil acções são reservadas para o público em geral.

A última fase da reprivatização do BTA foi aprovada pelo Decreto-Lei nº 200/96, de 21 de Outubro, que regulamentou também a generalidade das suas condições finais e concretas.

2. Concursos de concessões de redes viárias no Norte e no Oeste.

O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei que estabelece o regime para a realização dos concursos de concessão de lanços de auto-estrada e conjuntos viários associados nas zonas Norte e Oeste, na sequência dos parâmetros e metodologia aprovados na sua reunião de 19 de Setembro de 1996.

Estas novas concessões destinam-se a acelerar o programa de construção de novas auto-estradas e vias conexas, uma vez que a capacidade de execução da actual concessionária tem limites que não deverão ser excedidos.

Pretende-se, assim, encontrar duas novas concessionárias para os conjuntos citados através de dois concursos públicos internacionais. Pela primeira vez é aberta a possibilidade de serem atribuídas concessões nesta área a entidades privadas.

O diploma exige, para além de experiência, capacidade e aptidão técnica, financeira e empresarial, a celebração de acordos para-sociais entre accionistas e o Estado com vista a salvaguardar a solidez da concessão.

O caderno de encargos incluirá, entre outras condições, o prazo máximo admitido para a entrada em serviço dos empreendimentos concessionados que ainda não estão construídos e a responsabilidade da concessionária pelas indemnizações e outras compensações a proprietários afectados.

As concessões incluem quer vias a ser construídas, quer vias já existentes. No primeiro caso, para a concessão Norte, estão os lanços: A7/IC5 - Póvoa do Varzim/Famalicão; A7/IC5 - Guimarães/Fafe; A7/IC5 - Fafe/IP3; A11/IC14 - Esposende/Barcelos/Braga; A11/IP9 Braga/Guimarães; A11/IP9 - Guimarães/IP4. No segundo caso, também para esta concessão, está o lanço A7/IC5 -Famalicão/Guimarães.

Quanto a concessão Oeste, integra os seguintes lanços a construir: A8/IC1 - Caldas da Rainha/Marinha Grande; A8/IC9 - Marinha Grande/Leiria; A13/IP6 - Caldas da Rainha/Rio Maior; A13/IP6 - Rio Maior/Santarém. E ainda os lanços já construídos: A8/IC1 - CRIL/Loures; A8/IC1 - Loures/Malveira; A8/IC1 - Malveira/Torres Vedras (Sul); A8/IC1 - Variante de Torres Vedras; A8/IC1 -Torres Vedras (Norte)/Bombarral; A8/IC1 - Variante do Bombarral; A8/IC1 - Bombarral/Óbidos; A8/IC1 - Variantes de Óbidos e Caldas da Rainha.

3. O Conselho de Ministros decidiu ainda:

1. Aprovar um Decreto-Regulamentar que institui o Conselho Nacional da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, criado ao abrigo da lei orgânica do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Este organismo consultivo, de concertação e apoio à acção governativa foi aprovado pelo Decreto-Lei nº 221/77, mas nunca reuniu.

O Conselho, que é presidido pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, inclui representantes das associações nacionais de agricultores, industriais e comerciantes, dos municípios e freguesias, dos sindicatos, de especialistas ligados às referidas áreas, de defesa do ambiente, de consumidores e do Fórum do Mar.

2. Aprovar um Decreto-Lei que prevê a participação de um representante dos bombeiros profissionais no Conselho Nacional de Bombeiros. A este conselho, que é um órgão consultivo do Ministro da Administração Interna, compete pronunciar-se sobre a actividade dos corpos de bombeiros e respectivas missões.

Os bombeiros profissionais (sapadores e municipais) não se encontravam representados em qualquer estrutura de carácter consultivo. Esta medida é um novo passo na consolidação do diálogo permanente que o Governo tem mantido com todos os bombeiros.

3. Aprovar uma Resolução que cria um grupo de trabalho interministerial para reformular o enquadramento orgânico do sistema de Autoridade Marítima. O grupo de trabalho apresentará um anteprojecto de lei de organização do sistema e as propostas de regulamentos decorrentes no prazo de seis meses.

4. Aprovar um Decreto-Lei que transpõe para o Direito português a Directiva 92/51/CE, de 18 de Julho de 1992, relativa a um segundo sistema geral de reconhecimento das formações profissionais obtidas em Estados-membros da União Europeia.

5. Adoptar um Decreto que aprova o Protocolo que modifica a Convenção relativa a transportes internacionais ferroviários, assinado em Berna, em 20 de Dezembro de 1990.

6. Adoptar um Decreto que aprova o Protocolo de Cooperação entre Portugal e Moçambique relativo à instalação e funcionamento do Centro de formação e investigação jurídica e judiciária, assinado em Maputo, em 14 de Abril de 1995.

7. Adoptar um Decreto que aprova o Acordo para a cooperação económica, industrial e técnica entre Portugal e a Turquia, assinado em Lisboa em 16 de Dezembro de 1994.

8. Aprovar uma Resolução que nomeia Aníbal Pinto de Castro e Ivo de Castro para o Conselho Editorial da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, em substituição de Pedro Tamen e de António Alçada Baptista, que pediram a exoneração das funções que desempenhavam desde 1982.

9. Aprovar uma Resolução que nomeia Alexandre Manuel de Almeida Baptista para coordenador nacional do Regime de Incentivos às Micro-Empresas (RIME).

10. Aprovar uma Resolução que nomeia o Conselho Directivo do Instituto de Gestão do Crédito Público. Para presidente é nomeado Vítor Augusto Brinquete Bento e para vogais António Abel Sancho Pontes Correia e Vasco Manuel da Silva Pereira.

Balanço de um ano de Governo

1. O Conselho de Ministros ouviu uma exposição do Primeiro-Ministro centrada no balanço do primeiro ano de acção governativa. Essa exposição desenvolveu-se em torno de seis vectores fundamentais:

- o desígnio nacional de colocar Portugal no centro do processo de construção europeia;

- reforçar a capacidade de afirmação de Portugal no Mundo;

- prosseguir uma política económica de relançamento do crescimento e do emprego e de reforço da competitividade das empresas portuguesas;

- garantir a coesão social e combater a exclusão e a pobreza;

- fazer da educação uma aposta estratégica de valorização da juventude;

- afirmar um novo estilo de fazer política e dinamizar a reforma das instituições democráticas.

1°- Durante o primeiro ano o Governo procurou conduzir a sua política por forma a corresponder aos principais compromissos eleitorais assumidos pelo P.S. em 1 de Outubro de 1995 e a afirmar claramente as grandes prioridades políticas que permitirão a Portugal enfrentar os desafios que nos coloca o século XXI.

A acção do Governo contemplou, portanto, quer a resolução pontual das principais questões deixadas em situação de letargia ou de irresolução pelo executivo anterior quer a afirmação do grande desígnio nacional que nos anima - o de colocar Portugal no centro de decisão do processo de construção da Europa do futuro.

O Conselho de Ministros, nesta ocasião, reafirma assim o compromisso assumido durante a campanha eleitoral de conduzir uma política que crie as condições para que Portugal possa aceder à moeda única europeia nos prazos e nas condições fixadas no Tratado da União.

2°- A par do inequívoco comprometimento de Portugal com o projecto europeu, reafirmado sucessivamente nos diversos domínios do aprofundamento da integração económica, da projecção de uma autêntica política externa e de segurança comum, na afirmação das responsabilidades comunitárias na adopção de políticas de combate ao flagelo do desemprego, prosseguimos uma reforçada acção de afirmação de Portugal no Mundo.

Desde logo no quadro da lusofonia, de que se destaca o relançamento das relações com o Brasil e a constituição da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), bem como a permanente defesa junto da comunidade internacional dos direitos humanos em Timor-Leste e do direito do seu povo à autodeterminação.

Mas também no quadro das organizações internacionais, com especial relevo para a acção desenvolvida no campo humanitário e da defesa da paz por parte dos soldados portugueses em Angola e na Bosnia-Herzegovina.

É nossa sincera convicção que a voz de Portugal é hoje mais ouvida e mais respeitada nas diferentes organizações e instâncias internacionais onde se joga muito da afirmação e salvaguarda dos nossos interesses nacionais. A recente eleição do nosso país para membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas constitui um bom exemplo deste facto e representa uma visibilidade e responsabilidade acrescida para Portugal na cena internacional.

3°- O Governo definiu e executou uma política económica de rigor orçamental e de assinalável consciência social, demonstrando que a afirmação dos nossos interesses económicos é indissociável de um clima de paz social e de especial atenção para com as camadas mais desfavorecidas da população.

A política económica que temos vindo a seguir e que pretendemos prosseguir no próximo ano visa o relançamento do crescimento económico e o reforço da competitividade das empresas em paralelo.

Conduzimos uma execução orçamental em 1996 que indubitavelmente credibiliza a proposta de orçamento para 1997, já apresentada na Assembleia da República dentro do prazo constitucionalmente fixado.

É convicção do Governo que atingiremos a meta de crescimento do Produto fixada na proposta de Grandes Opções do Plano para 1996 (2,5% ou 2,75%), representando assim um crescimento superior à média comunitária, o que acontecerá pela primeira vez nos últimos 6 anos.

A política de investimento público conferiu novo impulso ao investimento em infra-estruturas, com especial destaque para as novas orientações da política rodo-ferroviária e para o relevante papel reconhecido à iniciativa privada.

A credibilidade da política macro-económica está a produzir frutos não apenas no domínio da atracção do investimento estrangeiro (caso do projecto da Siemens) mas também nos resultados do programa de privatizações divulgado e colocado em execução a um ritmo sem paralelo na nossa história recente.

Com efeito, para além dos sucessos de encaixe financeiro, a política de privatizações prosseguida contou, pela primeira vez entre nós, com uma estratégia orientadora claramente definida à partida, que reforçou a confiança dos investidores nacionais e externos e que, sem dúvida, credibiliza o rumo a prosseguir no futuro.

O Governo assumiu o encargo de adoptar um plano de recuperação das empresas que, juntamente com as medidas de reforço da competitividade e a internacionalização do tecido empresarial português, constituem instrumentos não apenas de recuperação fiscal e de saneamento financeiro mas também, e sobretudo, um estímulo ao investimento produtivo e à criação de emprego. O Governo reconhece que, embora se tenha registado nos últimos meses uma ligeira melhoria do índice de desemprego, a tendência assim esboçada fica aquém da dimensão desejada. Como sempre dissemos, o combate ao desemprego exige uma acção concertada do sector público e do sector privado para que releva, sem dúvida, o desejável sucesso do plano de recuperação de empresas, a melhoria da confiança dos investidores nacionais e a estratégia de promoção e de atracção de novos investimentos estrangeiros em Portugal.

4°- O Governo tem procurado que a política de ajustamento macro-económico, quer face aos objectivos da convergência europeia quer face aos novos ditames da liberalização económica, decorrentes dos Acordos do GATT, evidencie, em Portugal, uma profunda consciência social.

Estas preocupações ressaltam, aliás, pelo contraste que ninguém de boa fé pode escamotear face às políticas que têm sido e continuarão a ser prosseguidas por outros países do nosso espaço político-económico.

O registo destas preocupações sociais exprime-se na preocupação de garantir uma melhoria das condições de vida das populações sem pôr em causa a contenção salarial ditada pela convergência económica.

Sublinhamos a relevância da institucionalização do rendimento familiar garantido (que será já aplicado a todos os destinatários em 1997 com base na inscrição de uma verba de 25 milhões de contos), bem como a definição de aumentos das pensões da segurança social conformes com exigências de justiça social e com a preocupação de responder aos legítimos anseios das camadas mais desfavorecidas.

Acresce a definição de um modelo de redução do horário de trabalho e de flexibilidade e polivalência que corresponde às necessidades fundamentais da adaptação da nossa estrutura empresarial a regras de concorrência acrescida sem pôr em causa os direitos dos trabalhadores.

Esta política social, assente na íntima colaboração com instituições da sociedade civil, visa criar uma rede de protecção social que permita responder aos desafios da modernização económica na garantia de valores essenciais do Estado-providência.

5°- No ano de 1996 o Governo deixou já clara a prioridade que decidiu conferir ao sector da Educação, com especial destaque para o lançamento da rede de educação pré-escolar e para a inovação e melhoria da qualidade do ensino básico e secundário. Conforme compromisso assumido, as verbas do orçamento da educação para 1996 e para 1997 representam um aumento de cerca de 170 milhões de contos em relação ao correspondente orçamento de 1995 (incluindo a massa salarial dos professores).

A aposta na Educação representa, assim, um firme compromisso com uma política que, não produzindo resultados imediatos de grande visibilidade, constitui uma alavanca essencial para a competitividade futura da nossa sociedade no seu conjunto.

6°- O Governo tem a plena consciência de que neste primeiro ano respeitou integralmente o compromisso de introduzir uma nova maneira de fazer política em Portugal.

Ao contrário do que por vezes os partidos da oposição pretendem fazer crer, assumir as responsabilidades governativas com base no diálogo e na procura de soluções que possam beneficiar de consensos alargados não constitui em nenhum caso sintoma de paralisia da capacidade de decisão ou de falta de autoridade do Estado.

Com efeito, as transformações culturais e sociológicas por que passam as sociedades contemporâneas exigem dos Governos uma atenção permanente para com as manifestações da sociedade civil independentemente da sua forma de auto-organização.

Só através da mobilização da sociedade civil se pode vencer o desafio da competitividade global do país que tanto envolve o Estado como o conjunto dos agentes económicos a sociais.

O Governo reafirma, por isso, a sua aposta na condução de um processo de concertação estratégica que envolva os parceiros sociais e os agentes políticos, sejam os que se revêem directamente na actual solução governativa sejam os de oposição.

No tocante ao Estado, a resposta que pretendemos dar situa-se não apenas no estilo de fazer política (o que já de si é relevante) mas no domínio da reforma das instituições, em parte da responsabilidade do Parlamento em sede de revisão constitucional, e na transformação das estruturas da Administração, designadamente através de instrumentos efectivos de desburocratização como os que serão submetidos ao Conselho do próximo dia 31 de Outubro.

Neste ano, o Governo tomou já iniciativas destinadas ao reforço da transparência no exercício da actividade política e de funções públicas (novo regime de incompatibilidades, regime de acesso a cargos dirigentes da função pública, reforço das condições de actuação do Tribunal de Contas e da Procuradoria-Geral da República no combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira), cujos efeitos podem começar já a sentir-se não só no plano da credibilidade da Administração Pública mas também no reforço do respeito escrupuloso pela legalidade democrática.

O ambiente político é indissociável do clima geral da sociedade quanto às condições de segurança da vida dos cidadãos. Para o Governo, Portugal não enfrenta um específico problema de insegurança colectiva, mas não podemos ignorar que a sofisticação das causas e das formas de manifestação de certo tipo de criminalidade exigem respostas novas no combate à criminalidade e para reforço da segurança pública.

O compromisso de reforçar os efectivos policiais já foi levado a prática em 1996 e será prosseguido no próximo ano (tendo sido admitidos e colocados em acção de rua no ano em curso 1547 novos agentes, seleccionados para entrar em formação em Novembro mais dois mil agentes que entrarão em funções durante o ano de 1997, e estando assegurada a admissão de sete mil agentes no total da legislatura).

Desenvolvemos um relevante programa de prevenção e de reforço da segurança nas escolas e podemos considerar como positivos os resultados obtidos no domínio da prevenção e combate aos incêndios na campanha deste ano.

As cifras referentes a certo tipo de crimes e a acidentes rodoviários exigem, contudo, uma especial acção de intervenção que deverá ser prosseguida sem esmorecimento.

Paralelamente prosseguiremos a melhoria das condições de actuação das forças de segurança a que corresponde uma prioridade de investimento plurianual já com consagração no PIDDAC do próximo ano (que regista assim um aumento de cerca de 70 por cento em relação a 1976) bem como se expressa no crescimento do Orçamento de Estado para 1997 das forças e serviços de segurança em cerca de 11,2 milhões de contos.

O Conselho sublinha também, para além das reformas judiciais já em curso e cuja produção de efeitos leva sempre algum tempo, que no domínio da administração da justiça mereceu especial atenção a intensificação do combate ao tráfico de droga (aumento de meios e reforço da coordenação policial) e o correspondente agravamento das penas, bem como a adopção de um plano estratégico para o sector prisional que se encontrava à beira da rotura. Neste capítulo, para além do alargamento da capacidade de várias prisões e o lançamento de novos estabelecimentos prisionais já divulgado, o PIDDAC para 1997 triplica em relação a 1996 e foram já adoptados programas conjuntos (Ministérios da Justiça, da Saúde, do Emprego, da Educação e Secretaria de Estado do Desporto) que irão transformar significativamente a vida no interior das prisões, visando a reinserção social dos reclusos.

No quadro das medidas de ordem social que contribuem para reforçar as garantias de segurança dos cidadãos merece especial destaque o combate à droga.

Proceder-se-á à reformulação do Projecto Vida visando acções de prevenção e de recuperação médico-sanitária dos toxicodependentes que representam uma preocupação permanente do Governo numa perspectiva inter-sectorial, de que destacamos:

- o aumento do apoio do Estado ao tratamento de toxicodependentes (a comparticipação mensal passou de 72 contos para 120 contos) e da comparticipação em medicamentos a eles destinados;

- a abertura de sete centros de atendimento visando a integral cobertura do território nacional (Bragança, Vila Real, Évora, Beja, Portimão, Portalegre e terceira unidade de Lisboa) e consequentemente de 352 vagas para técnicos do Serviço de Prevenção e Tratamento de Toxicodependentes;

- o aumento de 40 para 100 das camas para desintoxicação directamente assumidas pelo Estado e a criação de duas alas para desintoxicação nas prisões.

2. O Conselho de Ministros congratulou-se com os resultados obtidos no primeiro ano de governação sem, contudo, perder de vista o horizonte do Programa de Governo que apresentou à Assembleia da República, perante a qual responde politicamente.

Trata-se, convém recordá-lo, de um programa para 4 anos, de um programa de Legislatura, cujas prioridades ficaram já expressivamente assinaladas na acção desenvolvida durante este ano.

Aceitamos, sem temor, a responsabilidade pelo que já foi feito, sem perder, naturalmente, a consciência do muito que ainda há para fazer, no escrupuloso cumprimento do mandato popular que nos foi conferido pelos eleitores.

O Governo tem plena consciência dos pressupostos políticos da sua acção, do circunstancialismo decorrente de apenas dispor de uma maioria parlamentar relativa e da necessidade vital para Portugal de dispor de estabilidade política e institucional.

Por isso, reafirmamos o valor da excelente relação institucional mantida com o Presidente da República, bem como o respeito pela esfera de competência própria dos diversos órgãos de soberania, em especial do Parlamento e dos Tribunais.

Propomo-nos igualmente prosseguir e aprofundar o bom relacionamento institucional do Governo com os órgãos de governo próprio das Regiões Autónomas e com as autarquias locais, neste último caso bem expresso no escrupuloso cumprimento da Lei das Finanças Locais em anos de significativa contenção ornamental.

Assim, afirmamos como nossa firme intenção tudo fazermos para garantir a estabilidade governativa. Mas alertamos que os desafios com que o País se defronta exigem que todos - e neste conceito incluem-se indubitavelmente os partidos da oposição, especialmente o principal dentre eles - assumam com clareza e sentido de Estado as suas responsabilidades. Estamos hoje - como sempre estivemos - disponíveis para o debate democrático de ideias e de projectos que permitam responder aos grandes problemas nacionais mas não contem connosco para alimentar jogos malabares da política-espectáculo que projectem o País em situações pantanosas ou de desgaste por indefinição ou ausência de clareza nos objectivos a atingir.

No nosso esforço para assegurar uma governação estável não pactuaremos, contudo, com "coligações negativas" que, incapazes de construírem em conjunto uma estratégia alternativa pela positiva apenas se dediquem a dificultar a acção do governo, numa pura lógica de contabilidade de ganhos e perdas de índole partidária.

O Governo apresentou ao Parlamento um quadro claro quanto aos instrumentos de governação de que o País carece. Sobre eles estamos dispostos a dialogar, sem, contudo, consentir no seu desvirtuamento ou sem entrar em cedências a chantagens e a ultimatos que neutralizem a clareza das nossas intenções políticas e o sentido da vontade popular expressa nas urnas há um ano.

Ao assumirmos as nossas responsabilidades neste primeiro ano de mandato pretendemos reafirmar que a vontade de prosseguir na concretização do projecto que mereceu e continua a merecer a confiança dos portugueses em nada esmoreceu.

Aprendemos com as dificuldades com que nos deparamos e com os erros que cometemos. Mas reforçámos também a convicção nos objectivos que nos propusemos alcançar e no bem fundado das políticas cuja aplicação foi iniciada.

Conhecedores como estamos das dificuldades que se nos deparam, encaramos de consciência tranquila aqueles que nos elegeram com a convicção que não os desiludimos.

Realizámos, em suma, um trabalho que nos permite encarar o futuro com confiança e determinação.

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