COMUNICADO DO CONSELHO DE MINISTROS DE 22 DE MARÇO DE 1996

1. Horários de abertura dos hipermercados

O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei sobre o regime de horários de abertura ao público dos estabelecimentos comerciais, que será seguido de uma Portaria complementadora do Ministro da Economia.

O novo regime jurídico sobre os horários de funcionamento de estabelecimentos comerciais, hoje aprovado, visa corrigir distorções da concorrência e procura dar um sinal de encorajamento ao pequeno comércio e a outras formas de comércio tradicional, no sentido da sua modernização e viabilização enquanto instrumentos importantes na geração de emprego, na animação dos centros urbanos e no bem estar das populações.

Similarmente, visa-se a fixação de um regime mais liberal que permite aos titulares dos estabelecimentos comerciais fixar e adoptar casuisticamente o seu horário de funcionamento aos quadros do Decreto-Lei e da Portaria e procura responder aos interesses dos consumidores, designadamente aqueles que, durante o dia, estão ocupados em actividades profissionais.

Na sequência do Decreto-Lei, e por orientação do Primeiro-Ministro, será fixado por Portaria o novo horário para as grandes superfícies alterando o período de abertura actualmente em vigor aos domingos e feriados, para o período das 8 às 13 horas.

2. Programa do Acção para o Sistema Prisional.

O Conselho de Ministros aprovou uma Resolução que contém o Programa de Acção para o Sistema Prisional.

O Programa de Acção para o Sistema Prisional fixa o quadro em que vai decorrer a reforma do sistema prisional e consagra medidas imediatas para execução de obras, recrutamento de pessoal, regime de remuneração dos guardas prisionais e suplemento de risco.

O Programa inclui opções estratégicas como a revisão do Código do Processo Penal, a reforma do sistema prisional no quadro das futuras conclusões da comissão para a Revisão do Sistema de Execução de Penas e Medidas e a preparação de um programa de investimentos a longo prazo, visando a construção de cinco novas prisões, uma das quais de alta segurança.

Inclui igualmente um conjunto de medidas legislativas e medidas administrativas. Destas fazem parte a transformação de instalações militares desactivadas em estabelecimentos prisionais, de forma a melhorar as condições de vida dos presos, o acompanhamento e medidas profilácticas em matéria de toxicodependência, doenças infecto-contagiosas, de saúde mental e de saúde geral. Incluem-se também medidas para melhoria da educação, ensino e formação profissional dos reclusos, para a prática de desporto e prestação de trabalho à comunidade.

O Programa inclui ainda o aumento de quadros de pessoal dos Serviços Prisionais e do Instituto de Reinserção Social.

O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei que cria o Estabelecimento Prisional de Castelo Branco, para fazer face a carência que se fazia sentir neste distrito.

3. Política florestal nacional

O Conselho de Ministros aprovou um projecto de Proposta de Lei a enviar à Assembleia da República que estabelece as bases da política florestal nacional, cumprindo assim o primeiro passo do Programa do Governo para este sector.

A ausência de estratégia de desenvolvimento para o sector, que caracterizou os últimos anos, a par de uma legislação dispersa e inadequada, contribuíram para o agravamento de uma crise preocupante, que exige rápida superação.

A Proposta de Lei visa, no essencial, redefinir o papel do Estado e dos diversos parceiros do sector florestal, introduzir regras de ordenamento, gestão, protecção e conservação. Cria também instrumentos fiscais e financeiros que permitam a rearborização de áreas ardidas e estimulem a florestação por proprietários privados. O diploma proposto ao Parlamento institui ainda um seguro florestal.

4. Leis Orgânicas dos Ministérios da Solidariedade e Segurança Social e da Cultura

1. O Conselho de Ministros aprovou a Lei Orgânica do Ministério da Solidariedade e Segurança Social, correspondendo à alta prioridade conferida às questões de solidariedade e segurança social e à nova organização do Governo, através da cisão do anterior Ministério do Emprego e Segurança Social. Este Decreto-Lei é ainda um instrumento de reforma da Segurança Social.

A organização do MSSS pretende ser leve e descentralizada, visando a eficácia e permitindo que os serviços regionais e locais desempenhem um papel nuclear no reforço da eficiência e da proximidade às populações.

O quadro de pessoal dirigente é de reduzida dimensão, não havendo acréscimo desse pessoal quer em relação aos organismos do Ministério, quer aos por ele tutelados.

2. O Conselho de Ministros aprovou também a Lei Orgânica do Ministério da Cultura.

5. 8º Escalão

O Conselho de Ministros aprovou um Decreto-Lei que revoga o actual regime de candidatura ao 8° escalão da carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário.

O diploma cria um regime transitório baseado na efectiva avaliação da actividade docente, idêntico ao exigido para a progressão nos restantes escalões da carreira destes docentes. Este regime vigorará até à aprovação de um novo sistema de avaliação, subsequentemente à revisão do Estatuto da Carreira Docente, já encetada com os sindicatos.

O regime anteriormente em vigor baseava-se em provas prestadas perante um júri exterior ao estabelecimento do ensino do docente e centrava a avaliação em aspectos burocráticos e não na real avaliação da sua capacidade docente, para além de colocar o exame apenas no final da carreira do professor. Tal sistema era considerado injusto pelos professores e educadores.

Esta decisão inscreve-se no Programa do Governo, que previa a revisão imediata dos principais bloqueios ao desenvolvimento da carreira, ao mesmo tempo que se procederia à negociação do Estatuto da Carreira.

6. Concertação Estratégica

O Conselho de Ministros aprovou o documento base da Concertação Estratégica para o Emprego, a Competitividade e o Desenvolvimento, que será apresentado aos parceiros sociais.

O texto analisa as mudanças verificadas no mundo e propõe aos parceiros sociais um profundo debate sobre a redefinição do papel de Portugal, apontando as suas actuais vulnerabilidades e os benefícios da actual situação nacional.

Encarando a Concertação Estratégica como um método para uma mudança que é imperativa, sob pena de inultrapassável periferização política, económica e social, o Governo propõe aos sectores mais representativos e organizados da sociedade um conjunto de linhas programáticas definidas.

A Concertação Estratégica, que representa uma forma diferente de fazer política e de governar, pretende potenciar uma profunda reforma do papel de todos os principais parceiros da economia nacional, sem descurar as preocupações sociais nem as ambições empresariais.

7. Encefalite Espongiforme

O Conselho de Ministros tomou conhecimento das medidas decididas pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas com vista a fazer face ao problema da encefalite espongiforme bovina (vulgarmente designada por doença das vacas loucas), a que já foram efectivadas.

8. O Conselho de Ministros aprovou ainda:

1. Uma Resolução que permitirá a protecção temporária das Salinas do Samouco durante o período de nidificação das aves, nomeadamente através da limitação do acesso indiscriminado à área por pessoas estranhas, embora sem prejuízo do acesso e do uso normal pelos proprietários.

Esta protecção manter-se-á enquanto decorrem os processos de expropriação previstos no artigo nº 78 do Código de Expropriações. Estes processos de expropriação estão a ser conduzidos pela Lusoponte e acompanhados pelo Gabinete da Travessia do Tejo em Lisboa (Gattel) nos termos estabelecidos contratualmente.

2. Dezanove Resoluções que aprovam a delimitação da Reserva Ecológica Nacional nos municípios de Freixo de Espada à Cinta, Marinha Grande, Alpiarça, Palmela, Torre de Moncorvo, Mourão, Vila Nova de Cerveira, Estremoz, Castanheira de Pêra, Barrancos, Anadia, Vila Nova da Barquinha, Espinho, Portalegre, Barcelos, Vila Viçosa, Odemira, Figueira de Castelo Rodrigo e Vila Nova de Foz Côa.

3. Um Decreto-Lei que cria uma linha de crédito especial para apoio à reparação dos danos causados pelas intempéries que ocorreram no final do ano passado e princípios do corrente.

4. Uma Proposta de Lei a enviar à Assembleia da República que autoriza o Governo a legislar sobre a actualização do montante das coimas aplicáveis ao abrigo do Decreto-Lei nº 172/88, do 16 do Maio, relativo ao regime de protecção ao montado de sobro.

O regime de coimas actual tem-se revelado ineficaz para assegurar o cumprimento da regra de proibição do corte de sobreiros, pelo que se pede autorização ao Parlamento para actualizar o montante das coimas, de modo a tornar mais efectiva a protecção do montado de sobro.

5. Um Decreto-Lei que altera a redacção do artigo 2°, números 1 e 5, do Decreto-Lei nº 61/88, de 27 de Fevereiro, que define as normas de funcionamento do Gabinete Coordenador de Segurança.

Atribui-se a este órgão de assessoria e consulta a competência para elaborar propostas no âmbito da avaliação e da formação profissionais das forças de segurança, com o objectivo de melhorar a qualidade cívica e legal da acção destas forças.

6. Um Decreto que aprova o Protocolo de Cooperação agrícola entre Portugal e Moçambique, o qual fora assinado em 28 de Julho de 1995.

7. Uma Resolução que aprova as condições finais e concretas da reprivatização de 99 por cento das acções da Companhia Nacional de Petroquímica, S.A..

A Resolução aprova a minuta do contrato de compra e venda directa das acções detidas pelo Estado Português à Borealis Portugal, SGPS, S.A..

8. A nomeação para comandante da Brigada Mecanizada Independente do brigadeiro José Alberto Cardeira Rino, em substituição do brigadeiro Carlos Alberto da Fonseca Cabrinha, que terminou o seu tempo de serviço.

9. A nomeação para secretário do Conselho Superior de Defesa Nacional do general António Ferreira Rodrigues de Areia, em substituição do general José do Nascimento de Sousa Lucena, que passou à reforma.

9. Homenagem Nacional a Rómulo de Carvalho

Completando o Professor Rómulo de Carvalho, que é também o poeta António Gedeão, o seu 90° aniversário no presente ano, o Governo organizará uma homenagem nacional.

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